sábado, 4 de agosto de 2012

(Breast)feeding ou A li/ma mentando


Na semana da amamentação, e tendo em conta o que a gente está passando no momento aqui em casa, acho pertinente escrever um post sobre a minha experiência com a amamentação do Caio. Ou deveria dizer alimentação? Porque vai além de dar de mamar.

Comecemos do começo.

Considerando as experiências de algumas amigas com a amamentação, acho até que a minha foi tranquila. Nos primeiros dois dias depois que o Caio nasceu, nós dois aprendendo essa arte, eu notava que meus mamilos estavam ficando avermelhados, e no terceiro dia, já em casa, acordei com eles bem doídos, machucadinhos. Aí falei no telefone com a Dani, que me deu uma dica preciosa: deixar os seios expostos ao ar e sempre que der ao sol também. Por sorte era um dia ensolarado e com 10 minutinhos aqui, 10 minutinhos ali, no dia seguinte eu já não sentia mais dor! A partir daí também comecei a passar as manhãs de topless em casa, assim qualquer começo de machucadinho logo cicatrizava. Minha midwife dizia que amamentar é como comprar sapatos novos: no início machucam um pouco, mas em duas semanas já estão confortáveis. Lembro que ao fim da primeira semana comentei com ela que pelo jeito eu me acostumava mais rápido com sapatos novos!

Apesar disso, eu não estava encantada com o ato de amamentar, como muitas comentavam comigo: “dar de mamar é muito bom”, “é mágico”, “que saudade de amamentar”... Pelo contrário, eu estava achando o maior trampo: meus seios viviam pingando, tinha que usar absorvente direto, ou então aquelas conchas que deixam o mamilo pegando ar, que acabavam ficando cheias de leite, eu me esquecia disso e quando me abaixava virava o leite todo na minha roupa (isso acontecia ao menos uma vez por dia), ter que ficar de sutiã 24 horas por dia... E quando o seio enche muito e fica dolorido? E várias posições pra dormir (tipo mais de bruço) em que o peito doía? Olha, eu até comentei com a mãe que seriam seis meses e pronto, que assim que o Caio começasse com sólidos eu ia começar a parar de amamentar, e quando ele completasse sete meses, já era! Cheguei a pensar, quando o Caio completou um mês, “só mais cinco”; quando ele fez dois meses, “só mais quatro”, e quando ele fez três, “metade já foi!”. Pensei assim, acreditam?

Mas aí que o tempo foi passando e eu me adaptando, e meus peitos já não ficavam mais tão cheios, nem doídos, nem pingando, e usar sutiã 24-7 (24 horas, 7 dias por semana) já não era mais um problema. E depois da marca dos três meses, na realidade meus seios até diminuíram (voltaram ao tamanho normal), e o Caio estava mamando super rápido (de 5 a 7 minutos). Se, por um lado, eu comecei a achar ótimo amamentar, e curtir o momento com meu filhinho, e entender minhas amigas, por outro lado tudo isso me deixou até preocupada: será que meu leite está secando? Fui ao google e vi que é normal depois de uns três meses as coisas se estabilizarem, e que tem muita mãe mesmo que questiona se há algo de errado com sua produção de leite. Beleza, pensei eu. Está tudo certo então. De fato, Caio continuava ganhando bom peso. Quando completou três meses certinho, tinha ganhado 500 g em três semanas (estava com 6.500 kg)!

Depois disso, no entanto, eu não estava mais conseguindo tirar leite com a bombinha. Saía muito pouquinho leite... E eu precisava tirar pras noites em que tenho aula de dança. Tentei semanas a fio e o máximo que eu conseguia de cada vez era uns 30 ou 40 ml. Que frustrante.

Um pouco antes de Caio completar quatro meses, a enfermeira dele voltou em casa e o pesou. Em quatro semanas, mais tempo que na última vez portanto, ele tinha engordado apenas 240 g... Não gostei. A enfermeira disse que a tendência era de fato diminuir, e que se eu visse no geral, em seis semanas (ela contou errado, na verdade eram sete) ele tinha engordado 740 g, e que isso é bom. Eu comentei que achava que ele tinha chegado a 7 kg (tinha sentido no braço mesmo) mas que depois o senti mais leve de novo. Como toda a família tinha passado por duas semanas de um resfriado forte, imaginei que devido a isso ele tinha perdido um pouco de peso – chegou a 7 kg e depois perdeu –, mas isso tudo era meu pensamento, sem nenhuma comprovação.

Comentei com a Karmen também que eu estava preocupada com minha produção de leite, falei da bombinha e tal. Ela me sugeriu tomar Fenugreek pra ajudar nisso. Comprei o tal herbal medicine, que não foi barato, e comecei a tomar. Não senti diferença nenhuma. Ao contrário, Caio começou a reclamar ao fim das mamadas, às vezes chorava um pouquinho, começava a demonstrar que estava com fome duas horas depois de mamar, quando a maioria de seus amiguinhos da mesma idade já estava mamando a cada quatro horas! Eu estava com uma pulga atrás da orelha, algo me dizendo que meu leite não estava sendo suficiente. O negócio foi que as reclamações do Caio não aconteciam em toda a mamada, e ele continuava dormindo bem, tanto de dia como de noite, e era risonho e suas bochechinhas continuavam ali.

Mas sabe a pulguinha que não te deixa em paz? Pensei várias vezes em chamar a nurse pra pesar ele, mas acabei não chamando, afinal fazia pouco tempo que ela tinha vindo, e ele parecia estar bem, etc., etc. Mas a hipótese de complementar com fórmula não saía da minha cabeça. A essas alturas eu já estava adorando amamentar, e me deixava triste pensar que não ia conseguir amamentar exclusivamente até os seis meses de Caio. Por isso, a decisão de complementar com fórmula demorou umas duas semanas pra acontecer. Eu ainda estava na esperança do fenugreek funcionar, de minha produção aumentar. Porém, à noite, quando meus peitos já estavam vazios, ficava claro que dar de mamar apenas não estava funcionando. Tive que encarar a decisão adiada, e quando ele estava com quatro meses e meio comecei a dar uma mamadeira de fórmula pra ele à noite depois da mamada. Nem falei com a enfermeira, nem nada. Eu sabia que era preciso fazer algo. Comecei dando pouquinho, 100 ml, pois afinal ele ainda estava mamando! Mas uma semana depois, eu estava sentindo os ossinhos do Caio ao pegar ele no colo... as costelinhas, sabe? Apesar das bochechas gordinhas ainda estarem lá. Aí não deu pra mim – chamei a Karmen.

Ela foi ótima, me deu um super apoio na complementação, antes mesmo de pesá-lo. E quando o pesamos, o resultado: Caio estava com 6,620 kg, ou seja, não só não tinha ganhado peso, como tinha perdido 120 g! Baixou duas linhas no gráfico – de acima de 50% passou a abaixo de 25%... Fiquei arrasada! Me senti culpada, não pela baixa produção de leite, mas porque demorei demais pra ouvir minha intuição! Pensar que o Caio estava há um mês passando fome!! E tão resignado que nem reclamava muito! Tadinho do meu anjinho!

A Karmen me explicou que normalmente, quando baixa duas linhas no gráfico, elas mandam pro médico. Mas que pelo que eu estava dizendo era mais falta de leite mesmo, então que fizéssemos uma semana de teste. Eu complementaria todas as mamadas, pra começar com 200 ml, e em poucos dias Caio me indicaria se precisaria de mais ou menos do que isso. De fato, logo percebi que nas primeiras mamadas do dia, com meu peito ainda cheio, bastava de 100 a 125 ml, depois à tarde 150 ml, e na da noite 200 ml.

Uma semana depois, na checagem, Caio tinha engordado 380 g!! O récorde da vida dele (até então era 360 g, numa semana do primeiro mês). Fiquei feliz e triste ao mesmo tempo, pois isso me mostrou que ele estava com fome!! Que coisa!

Eu também tinha sido alertada pela enfermeira que talvez ele perdesse o interesse em mamar no peito e passasse a querer só a mamadeira. Na verdade o que já vinha acontecendo e que deu uma piorada foi que o Caio mama uns três minutos tranquilo e depois, quando fica mais difícil de o leite vir, ele já não quer mais! Eu insisto, aí ele mama uns segundos, na sequência já reclama, insisto de novo, ele até vai de novo, e ficamos assim, nessa “briga” por mais dois ou três minutos (eu sei o tempo porque marco tudo na app do Ipod, desde o terceiro dia de vida dele!).

A piorada é que agora não está adiantando eu insistir – depois de um pouquinho ele não quer mais e ponto. E há dois dias, pela primeira vez, teve umas mamadas que ele não quis at all. Nem por um pouquinho! Já as mamadeiras, ele ama! Fica louco só de me ver preparando!

Quem se resignou desta vez fui eu...(suspiro) Há que treinar o desapego! Até porque essa “briga” sempre nas mamadas já está ficando chato, sabe? O que é pra ser especial e prazeroso está ficando estressante. Então pensei comigo mesma: as primeiras mamadas da manhã e o dreamfeed, às 10h da noite, são as que ele leva mais na boa, tranquilo. Assim, continuarei com essas por mais uns meses. Gosto de saber que ele segue recebendo os anticorpos que vêm com o leite materno. Entre outras coisas.

Mas poxa, logo agora que eu estava curtindo tanto! Que ironia, não?!

De qualquer forma, o alívio por saber que agora ele está se alimentando bem não tem preço!  Pesamos o Caio mais vezes e ele continua a ganhar peso! E as bochechinhas dele estão ainda maiores!

Bom, em meio a isso tudo ainda teve a tentativa de introduzir os sólidos! Mas isso é assunto pra outro post!

5 comentários:

  1. Lembra quando você dizia que tudo na sua vida é planejadinho e acaba acontecendo conforme você previu? Que foi assim até com a gravidez e tal...
    Pois fico aqui pensando que talvez o Caio esteja colaborando, ele chegou na hora que você queria que ele chegasse e agora está deixando de mamar na hora que você queria que ele deixasse - 6 meses, no máximo 7. Apesar de você ter mudado de ideia agora, esse era o plano né?! Acho que vocês dois tem uma conexão e tanto!! =)

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    1. hehehe Sabe que eu pensei algo assim? Que meu pensamento primeiro acabou prevalecendo... Vai saber! Mas o Caio tá fofo, saudável e gordinho, né? :)

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  2. Curti o post, me fez lembrar do quanto fiquei triste com o leite secando no 2o mês pra Sara, e da felicidade de amamentar a Isa por um bom tempo... Voltei pro trabalho muito cedo na primeira vez e aprendi, na segunda fui de leve e deu certo! Thanks for sharing! Erica Queiroz.

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    1. Érica! Thanks for sharing too! Muito bom ouvir de ti tb! Bjsss em ti e nas meninas (lembrei de umas visitas especiais minhas pra Sara, ela devia ter uns dois aninhos?)!

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