segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Posfácio ao último post


Aqui na NZ, o pessoal é totalmente pró-amamentação. Até aí tudo bem, eu também sou. Mas aqui às vezes há até um certo exagero, que já ficou claro pra mim em situações diversas.

No meu primeiro emprego na NZ eu trabalhava num call center que fazia pesquisas normalmente encomendadas por órgãos do governo. Eu fiquei bastante tempo responsável por uma da Plunket, instituição que há quase 100 anos cuida das crianças neozelandesas de 0 a 5 anos de idade. Quando chegava na parte sobre amamentação, ouvi de várias mães que, por não terem conseguido amamentar, se sentiam julgadas, se sentiam “menos mãe”, ficavam deprê...

Há poucos meses, veiculou na tevê a imagem de um jogador de rúgbi, o esporte nacional, dando mamadeira pra sua filhinha de meses. Nossa, que polêmica que isso causou. Instituições pró-amamentação supercriticaram o cara, daí teve várias reportagens sobre o caso! Eu fico impressionada! A galera nem sabe se não é leite materno o que tem na mamadeira, se a mãe teve dificuldades pra amamentar, se ela tentou ou não, ou que razões teve pra escolher não amamentar se foi este o caso!

E há exemplos mais próximos da gente também, como o de uma amiga que, ao constatar que estava com pouco leite, decidiu complementar com fórmula, e quando falou pra sua midwife recebeu uma cara feia (só pra constar, a produção de leite dela normalizou e hoje ela já não precisa complementar).

E aí que agora que eu estou complementando, percebi que estou totalmente “introjetada” dessa pressão que há aqui na NZ.

Duas vezes por semana eu trabalho na universidade e consegui vaga pro Caio na creche da Law School mesmo, apenas dois andares abaixo do meu! Foi perfeito porque quando chega a hora, eu desço, pego o Caio, e nós vamos prum quartinho que a uni disponibiliza pra quem queira descansar, ou então amamentar! Agora que tem a mamadeira depois do peito, eu sempre acabo me sentindo mal se alguma mulher chega na cozinha quando estou preparando a mamadeira, ou mesmo quando estou caminhando pelos corredores, da creche ao quartinho, com a mamadeira na mão! Me dá uma apreensão de ser julgada! Minha vontade é andar com uma plaquinha: “I BREASTFEED!”

E outra situação aconteceu este fim de semana. Fui no chá de bebê de uma amiga, e lá pelas tantas eu estava no quarto dando mamadeira pro Caio. Aí a sogra dela veio conversar comigo – um amor de pessoa que em nenhum momento me olhou diferente ou fez qualquer coisa que pudesse fazer eu me sentir julgada. Ainda assim, eu me senti “obrigada” a falar pra ela que eu ainda amamento, mas que estou com pouco leite e por isso tenho que complementar com fórmula!

Alguém mais já se sentiu assim aqui na NZ? E no Brasil? Há esta pressão?

39 comentários:

  1. Dulce,

    Meu primeiro filho nasceu na Holanda onde muitas mamaes preferem dar formula, por varias razoes q nao vou citar aqui pq nao acho relevante. Ou seja a pressao para amamentar eh menor q aqui, mais qdo no meu emprego disse q queria tirar o leite para poder continuar a amamentar, tinha sempre um lugar para faze-lo, nunca foi um "big deal". Qdo fiz o mesmo pedido aqui no meu emprego eles NAO tem um lugar para amamentar/tirar leite e to falando de um orgao do governo.

    Por isso acho extremamente hipocrita a posicao aqui. Sem falar q dar mamadeira eh errado mais amamentar em publico tb!!! Tb teve muita polemica aqui qdo Beyonce amamentou o bebe dela em publico, muitas pessoas falaram q nao querem ver mamaes amamentando (mostrando os seios por ai)

    Amamentar deve ser uma escolha nao uma obrigacao, tem q ser bom para mamae e bebe.

    Quero de parabenizar q escolheu deixar seu filho feliz e alimentado sobre continuar a amamentar exclusivamente e deixa-lo com fome. Nao se sinta culpada por escolher o q eh melhor para seu filho. Vc nao esta escolhendo o q te faz sentir melhor vc esta colocando seu filho em primeiro vc tem q ter orgulho disso. Tem muita gente q nao faz isso.

    Flavia

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    1. Flavia, valeu o feedback.Interessante essa perspectiva que colocaste. Faz eu me sentir melhor, sim! Obrigada! xx

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  2. Desculpe pelo comentário longo, mas primeiro preciso compartilhar a minha experiência com você. Eu sempre acreditei, por tudo que li e aprendi, que não existia esta história da mãe ter pouco leite, a não ser em casos bem raros. A minha mãe discordava e dizia que depois de 3 meses amamentando a gente, o leite dela "secou". Quando tive meu primeiro filho Felipe, tudo correu muito bem, meu peito estava sempre cheio e jorrava leite. Cheguei até a fazer doação do meu leite. Até os 6 meses foi só leite materno e depois introduzi as comidinhas mas ainda amamentei até os 9 meses. Já com o meu segundo filho as coisas não foram tão simples. A partir de 1 mês de idade o Julio chorava muito e o tempo todo. Era quase insuportável! E na hora de mamar ele mamava um pouquinho e berrava. Meu peito, ao contrário do que acontecia quando tive o Felipe, parecia murcho. Aí obviamente começou a pressão da família. Minha mãe dizia “esta criança está passando fome!”. Decidi levá-lo ao pediatra que recomendou que eu fizesse uma complementação com mamadeira depois de constatar que o Julio tinha perdido peso. Ele confirmou a opinião da minha mãe. Saímos do médico direto para a farmácia comprar uma lata de leite. Depois de preparar a mamadeira eu pensei um pouco melhor. Não podia acreditar que uma mãe não tivesse leite suficiente para seu filho. Para mim seria muito bom partir para a mamadeira para acabar com aqueles choros e também porque o bico do meu peito estava no vivo e ainda queimado depois de uma compressa muito quente que fiz. Mas, a amamentação era tão importante para mim, que mesmo ouvindo os protestos do pai do Julio e da minha mãe, eu decidi pedir a opinião de outro médico. Levei o Julio ao posto de saúde onde fomos atendidos por uma pediatra muito querida. Ela me disse que ficou muito feliz de eu ter optado em procurar uma segunda opinião, pois a maioria das mães nesta situação, que é bem comum, no desespero de pensar que o filho está com fome, nem hesitam em dar a mamadeira. Mas, segundo ela, o problema é justamente o contrário. O bebê chora é de cólica pelo excesso de leite e não por fome. E desta forma o “esforço” do bebê no choro, às vezes provoca a perda de peso, que obviamente deve ser monitorada. Ela recomendou que eu desse um intervalo entre as mamadas para que o organismo pudesse digerir o leite antes da próxima mamada. Foi o que eu fiz. E depois disso as coisas só melhoraram e o Julio ficou só no leite materno até os 6 meses e foi amamentado até 1 ano e meio. Parou de mamar naturalmente e sozinho.Claro que cada caso é um caso diferente. Mas eu sou contra esta história de complemento com a mamadeira porque todos sabemos que isso vai muito provavelmente fazer com que a criança perca o interesse pelo peito. Acho que esta só deve ser considerada como opção em casos extremos porque implica em correr o risco de não ter o privilégio de poder extender a maravilhosa experiência de amamentar o máximo tempo possível (dentro do bom senso, é claro ;-).
    Entendo o olhar de crítica quando uma mulher está dando mamadeira para um bebê porque em muitas situações a mãe decide privar o filho de ser amamentado por comodidade e até vaidade quando acham que isso vai fazer os peitos caírem. Claro que não é o seu caso, mas isso é a primeira coisas que vem na cabeça das pessoas. Interessante você comentar que as mães se sentem julgadas aqui na NZ, pois foi assim que a Nara se sentiu também quando comentava que estava pensando em optar pela cesárea. E olha que neste caso isso não faz mal nenhum ao bebê. Mas as kiwis olhavam para ela como se achassem que ela não tivesse sendo mãe suficiente para aguentar as dores do parto. Parece, na opinião delas, que a mulher precisa passar por esta dor para provar o amor pelo filho. Então é fácil entender a revolta delas quando acham que uma mãe optou em não amamentar, o que é no consenso geral, algo que vai tirar diversos benefícios da saúde física e emocional da criança.
    Beijo para vc e para esta fofura e simpatia de bebê que você tem. :-)

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    1. Jeanine, Valeu ter dividido tua experiência. De fato, cada mãe tem a sua! No meu caso, eu duvido que fosse excesso de leite (nem tirar leite eu conseguia!) ou cólica - acredito que isso pode acontecer quando o bebê é mais novinho, antes dos 3 meses, não depois! E perder peso de chorar? O Caio nem chorava muito, como eu disse no outro post. É certo que me perguntei como posso ter pouco leite agora, se tinha bastante antes. Acho que são tantas as variáveis que podem interferir nisso: alimentação, stress, etc.
      Eu acho que mesmo as mães que decidem não amamentar por vaidade não devem ser julgadas. A gente não sabe a sua história de vida, e talvez se ela amamentasse e seus peitos caíssem, ela se tornaria tão infeliz que acabaria não sendo uma mãe tão boa quanto se é quando estamos felizes e satisfeitas. Talvez o prejuízo pro bebê fosse maior do que não ser amamentado, entende? Por isso, eu não julgo nem essas mães.

      Como disse Caetano, "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é"...

      bjsssssss

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    2. Oi Dulce! Deixa eu esclarecer aqui que em nenhum momento eu achei que a situação do Caio fosse a mesma que passei com o Julio. Afinal, o Julio tinha só 1 mês. Eu só quis dizer que as vezes os indícios nos apontam para o caminho errado e não podemos nos desesperar na nossa decisão. Veja, eu também não conseguia tirar nenhum leite. A médica me explicou que o leite se produz na hora que o bebê suga o peito. Então não ter leite disponível não significa que você não possa produzir.
      Com relação ao seu segundo comentário, infelizmente nem sempre a vida pode ser tão poética e se encaixar nas letras de músicas que tanto amamos. Criar filhos significa ter muita responsabilidade e muitas vezes abrir mão de coisas que gostamos de fazer ou que nos fazem felizes em prol destas criaturinhas que decidimos colocar no mundo.
      Uma vez uma grávida fumante me disse que o stress que causaria no filho se parasse de fumar seria pior do que o mal que o cigarro causaria. Eu não aceito este tipo de postura mas infelizmente não há o que possamos fazer. Mas nem se eu quisesse eu conseguiria disfarçar meu olhar de desaprovação para uma grávida fumante. É natural que quando a gente vê ou escuta alguma coisa errada, ou que pelo menos nós acreditamos ser, que a gente torça o nariz. Assim é o ser humano.

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    3. Sim, eu concordo com você sobre a questão específica da grávida fumante, afinal é mais do que comprovado que fumar durante a gravidez prejudica o bebê. Agora, dar fórmula não faz mal ao bebê; pode até não fazer tanto bem quanto amamentar, mas mal não faz. Então estamos falando de situações diferentes, certo? :)

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    4. Oi Dulce. Sim, fumar na gravidez faz mal ao bebê e deixar de amamentar por opção, "só" priva o bebê de todos os benefícios já conhecidos e inquestionáveis da amamentação. Do meu ponto de vista ambas as opções revelam um egoísmo por parte da mãe que está pensando mais em si mesma do que no seu filho(a), seja pelo seu vício, no caso do cigarro, ou por vaidade ou comodidade, no caso de deixar de amamentar por opção.
      Eu usei o exemplo do cigarro para tentar te mostrar que TODOS nós julgamos, consciente ou incoscientemente, quando vemos algo que não concordamos. A mesma sensação que você tem quando vê uma mulher barriguda fumando, pode ser a sensação que uma mulher defensora da amamentação tem quando vê uma mãe dando mamadeira para um bebê, entende? Se uma mãe me diz que deixou de dar de mamar por comodidade ou vaidade eu vou mesmo torcer o nariz e perder o respeito por esta pessoa como mãe. Mas isso é porque na minha cabeça isso é um absurdo sem fim e tamb;em porque eu não sou muito de esconder o que sinto e penso. Se esta mãe se sentir mal com isso, eu terei conquistado o meu objetivo. Quero mesmo que ela se sinta mal. Mas por favor, não me entenda mal, estou falando de mães que OPTAM por não amamentar.

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    5. Eu entendo teu ponto de vista, mas na real, mesmo não concordando com uma grávida que fuma eu não tentaria fazer ela se sentir mal, saca? Só acho que não é por aí...

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    6. Me intrometando na conversa... - legal quando um post gera discussão assim, diz aí Du! =) - eu acho muito difícil dizer se a mãe que optou por dar leite industrializado ao filho, se a mãe que fuma na gravidez ou se a mãe que optou por uma cesárea eletiva (antes de entrar em trabalho de parto) fizeram isso por vaidade ou egoísmo sem saber da história INTEIRA dessa mulher. Como eu disse no meu comentário abaixo, ninguém que não esteja na pele dessa mãe tem o direito de julgá-la.
      Que fique claro que eu não sou a favor de nenhuma das três situações, pelo contrário, acho todas erradas e existem dados suficientes hoje em dia pra provar que não são mesmo as melhores opções nem pra mãe nem pra criança. Cabe a quem tem acesso a essas informações orientar, aconselhar, conscientizar quem não tem; eu defendo a amamentação, defendo o parto normal e defendo a gravidez saudável, mas isso não me dá o direito de julgar quem faz diferente, principalmente quando eu não sei da história daquela mãe, não sei pelo que ela passou ou está passando.
      Conheço uma mãe que o próprio médico disse a ela que o stress altíssimo pelo que ela passava com a falta de cigarro era mais prejudicial à criança do que um cigarro aqui e outro ali nos momentos mais tensos. Sei que ela tentou de tudo pra parar, diminui consideravelmente e se sentia muito mal e envergonhada quando fumava - a última coisa que ela precisava naquele momento era de mais olhares de reprovação de quem nem a conhecia.
      Uma mãe já tem muitas dúvidas e incertezas dentro de si mesma e é uma luta diária se manter confiante diante de tantas decisões que temos que tomar a todo momento. Julgamento externo só torna as coisas ainda mais difíceis.
      Mas é claro que vale sempre lembrar: amamentação é melhor, parto normal é melhor, gravidez saudável é melhor. Fatos. Mas do mesmo jeito que uma cesárea e leite industrializado podem salvar vidas!

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    7. Oi Cris. Legal você ter entrado na conversa. Não fez sentido para mim você colocar a opção da mãe por cesárea seletiva junto com os demais assuntos e eu explico o porquê. Como comentei anteriormente, fumar na gravidez comprovadamente faz mal ao bebê e existe um consenso sobre isso; não amamentar comprovadamente priva o bebê de benefícios e ninguém questiona isso. Já a questão parto normal x cesárea é ainda um assunto em debate e não existe um consenso nisso. Tanto é assim que a edição de agosto/2011 da revista neozelandeza North&South publicou um artigo bem interessante explicando porque atualmente é um risco a opção por parto normal e o porque e importantíssimo ter assistência médica durante o procedimento. Assim, ao contrário dos outros dois tópicos (cigarro durante a gravidez e optar por não amamentar), optar por uma cesárea a mãe não está nem prejudicando o bebê e nem tirando nenhum benefício dele. Só está optando pelo que considerou que oferece menos risco para ela e para o bebê, além de ser um procedimento bem mais tranquilo e que não faz a mãe sofrer tanto quanto no parto normal.

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    8. Superquestionável a afirmação de que ao optar por uma cesárea a mãe "não está nem prejudicando o bebê e nem tirando nenhum benefício dele". Eu discordo muito disso. A cesárea eletiva priva o bebê sim de nascer quando ELE está pronto, fora que é uma cirurgia e por isso tem mais riscos que um parto normal, sim. Comprovadamente. Inclusive de infecção hospitalar. Fora que eu, que tive um parto normal, sei do bonding que ocorre já aí, nesse esforço conjunto que mãe e filho fazem pra ele vir ao mundo. Então se ao não amamentar a mãe priva o bebê do bonding por exemplo, ao escolher cesárea tb! Claro que o bonding acontece tb no decorrer da vida. Colo aqui de novo a frase do Paramahansa que coloquei ali embaixo: "o que mais vale é o amor com que se recebe e se cria um filho. Leite materno e comida balanceada sem carinho e disciplina por si sós não geram um ser humano melhor!". Eu fui amamentada pouquíssimo tempo, sou uma pessoa muito saudável (nunca fui internada num hospital), sem grandes furos emocionais, superligada na minha mãe, que é minha melhor amiga! Não consigo ver que benefícios perdi a ponto de me tornar uma pessoa não tão boa quanto eu poderia ser se tivesse sido amamentada, saca?
      Mas enfim,esse assunto dá muito pano pra manga, já misturei tudo aqui, e agora preciso trabalhar!

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    9. Entendo e respeito a sua opinião Dulce. Mas meu ponto foi que este assunto ainda é uma polêmica. Existem defensores do parto normal e existem defensores da cesárea. Eu poderia listar aqui vários benefícios da cesárea para o bebê e para a mãe e de médicos que acham um sofrimento desnecessário o parto normal e sem nenhum benefício comprovado. É fácil achar esta informação na internet. Mas tente achar alguém que diga que não amamentar é bom. Não existe. É consenso que amamentar é a melhor opção. Claro que estamos falando em uma situação que isto é uma opção, não uma necessidade. Olha o que diz na reportagem da revista que mencionei: A reportagem começa comentando que seria muito bom que pudéssemos dar a luz como as mamães macacos, que o fazem de croque, o seu filhote nasce olhando para ela e é forte o suficiente para agarrar o corpo da mamãe e puxar seu corpinho para fora. O canal por onde o bebê sai tem o mesma forma oval da entrada até a saída e é do mesmo tamanho da cabeça do bebê dando a ele um caminho suave desobstruído para a vida. Já o canal dos seres humanos tem as dimensões variando de cima para baixo e de um lado para o outro, o que torna uma verdadeira jornada olímpica para o bebê nascer. A razão dessa diferença é justamente a evolução do ser humano, desde as modificações que ocorreram na pelvis que nos permite andar de pé, até o tamanho do nosso cérebro que nos faz termos uma cabeça muito grande em proporção ao tamanho do nosso corpo. Assim sendo, o nascimento de um bebê é difícil e sempre um risco para a maioria das mães e bebês humanos. Por isso que o ser humano, ao contrário de todos os outros animais, precisa de assistência na hora do parto. Nos últimos 21 anos na NZ, a responsabilidade por fornecer esta assistência, passou de médicos para midwives, que se auto intitulam especialistas em parto normal. A revista questiona o quanto frequente se espera normalidade em um parto. E se as coisas derem errado, as expectativas de que as midwives podem dar conta do recado colocam em risco a vida das mães e dos bebês? (continua no próximo comentário)

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    10. O artigo da revista então descreve vários casos de atendimentos pelas midwives mal sucedidos, alguns deles resultando na morte da mãe e/ou do bebê, principalmente pelos seguintes motivos:

      Atrasos perigosos no diagnóstico e ação quando a gravidez ou trabalho de parto se desvia do normal;
      Confusão entre midwives e médicos sobre quem está no comando;
      Complicações inesperadas que ocorrem nos partos em casa ou unidades de partos normais que estão quilometros de distância de hospitais;
      A irrealista expectativa de que não existem riscos quando a mulher é nova e saudável.

      A reportagem explica que a partir de 1990 as mudanças na assistência fornecida pelo governo obrigaram as mulheres a escolher entre midwives e médicos. O valor pago aos médicos era tão baixo que muitos deixaram de atuar na área de obstetrícia, deixando às mulheres uma única opção, as midwives. Inacreditavelmente não existe nenhum banco de dados que registre os casos de insucesso a partir desta mudança. Portanto não há como avaliar o impacto desta reforma.

      A médica Lynda Exto, que é co-fundadora do grupo AIM (Action to improve maternity), publicou um livro chamado “The baby business”, em que critica esta mudança e a associa com tendências preocupantes e com o retardo do declínio na mortalidade de mortes perinatais. Segundo ela. aproximadamente 600 bebês morrem por ano após 20 semanas de gestação o que significa uma taxa de 10 mortes por nascimentos. A médica comenta, “parece para mim que nos últimos 20 anos o sistema de maternidade da NZ tem sido completamente oprimido pela idéia de que o nascimento é um evento natural da vida, deixando de se focar na vida e saúde da mãe e do bebê e tem sistematicamente ignorado e negligenciado a possibilidade de erros humanos. Ainda, segundo ela, pesquisas na NZ indicam que metade dos casos de gravidez e partos requerem alguma assistência médica e que mais de 1/3 dos partos requerem intervenção. Ela mesma foi vítima do sistema de maternidade, quando há 6 anos atrás sua filha teve danos permanentes no cérebro por ter sido privada de oxigênio durante o seu nascimento, que foi assistido por duas midwives.

      Peter Gluckman, um ex fisiologista perinatal que é atualmente o cientista acessor chefe do Primeiro Ministro da NZ critica o efeito da mudança que eliminou a necessidade de acompanhamento médico durante a gravidez e que se sua filha estivesse grávida, ele recomendaria que ela fosse acompanhada por um obstetra.

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    11. O foco da reportagem acima é mais na importância dos obstetras no acompanhamento do parto mas mostra os riscos enormes do parto normal. Mas eu poderia listar inúmeros artigos aqui de médicos e mães que defendem a cesárea. A minha própria mãe teve 2 partos normais e uma cesárea. Ela disse que se pudesse voltar atrás ela só teria filhos através de cesáreas, que ela achou muito mais tranquilo, e quando ela pôde curtir o nascimento do filho sem dores, sem gritos e com tudo bem planejado.
      Mas, como eu disse anteriormente, isso é questão de opinião e não existe consenso (ainda).
      Bem, o assunto era amamentação e acabamos falando em cesárea... Eu estou participando bastante aqui porque estou em casa, de cama, com uma baita gripe. Não se preocupe que daqui a pouco eu saio de cena. ;-) Bjs

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    12. To aqui para dar suporte a Dulce e Cristina. Existem sim muita polemica sobre cesaria e
      parto normal. Li a reportagem, e primeiro essa eh uma reportagem nao um artigo cientifico com evidencias comprovadas pela comunidade cientifica. Foi muito triste o q aconteceu com a mulher foco da reportagem, ela sim colocou um monte de evidencias q o trabalho das midwifes nao eh perfeito, mais cade as evidencias q o trabalho dos medicos eh melhor, ela mesmo fala nao tem. Em nenhum momento ela citou problemas causados por ginecologistas ou cesarias desnecessaria. E ela principalmente defende o fato q parto deveria ser encarado como um evento medico e nao um evento natural. O q, na minha opiniao, tb eh questionavel pq como chegamos as 7 bilhoes? Lembre-se cesaria acessivel como temos hj nao tem muitos anos....

      Sua mae preferiu a cesario conheco quem prefereiu o parto normal, isso eh uma questao de opiniao e experiencias. Sobre o fato da cesaria se melhor, o Brasil eh o pais com mais cesarias eletivas no mundo 52% (muito acima do recomendado pela OMS) e se vc olhar as estatiscicas (que existem no caso do Brasil) a complicacoes com cersarias sao muito maiores q em partos normais (lembre-se q no Brasil parto normal eh um evento predominante medico feito no hospital por ginecologistas). E para falar q nao estou so olhando para um caso na Holanda pais como o maior indice de parto em casa no mundo ( 100% natural), tb tem as taxa mais altas de problemas da EU. E varias reformas foram tomadas em 2008 para mudar isso, infelizmente nao tenho o resultado das mudancas mais as mudancas nao foram acabar com as midwifes, defendo o equilibrio.

      E por fim, sim vc acha muita polemica, mais nao tem como negar q o processo do parto normal libera varios hormonios no corpo da mae q sao absorvidos pelo bebe. E tem varios estudo cientificos q mostram q bebes nascidos em parto normal tem menos problemas respiratorios q os nascidos de ceraria. Se eh para colocar os beneficios da cesaria tb temos q colocar os problemas. Equilibrio.

      Assim Cris ter colocado o parto vaginal na historia eh valida....

      Meus 2 filhos nasceram de parto normal mais respeito quem escolheu a cesaria pq acho q isso eh uma decisao pessoal. Admito, porem, q nao incetivo a cesaria, mais nao reprovo a escolha de cada pessoa. Livre arbitrio. E digo e mesmo sobre o uso de formula, eh muito facil julgar mais ninguem sabe o q passa na cabeca, coracao, na casa de cada um.

      Sobre itens q colocam em risco a vida do bebe sou mais dura q acho q a futura mamae tem sim q se esforcar e parar, mais tb tenho consciencia somos seres humanos imperfeitos e fracos e por isso nem todo mundo eh capaz infelizmente. e por isso apoio eh mais importante q reprovacao a MAIOR parte das mamaes sabem q estao fazendo algo muito errado e qdo nao sabem elas precisam de ajuda nao de reprovacao

      E por fim minha mae era alergica ao proprio leite materno e por isso nunca pode amamentar mais quem viu ela dando mamadeira aos bebes nao tinha como saber se foi por opcao ou nao... A ultima coisas q uma mae precisa eh olhar de reprovacao pq nao sabemos a historia dela.

      Cada pessoa cria suas opinioes e escolhas baseadas nas experiencias vividas por isso elas poi isso sao tao diferentes e ser respeito eh fundamental. Se a escolha nao eh a melhor culpa-la nao eh a solucao para maes q ja vivem se culpando diariamente e sim ajuda.

      Por isso existem tantos estudos cientificos nessas areas para nos ajudar a fazer escolhas melhores no futuro.

      Flavia

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    13. So um detalhe qdo uso a palavra apoio digo no sentido de ajuda para parar de fumar, beber, usar drogas, promiscuidade... e NAO apoio para continuar!!! Pelo amor de Deus :D Acho q reprovacao em casos de vicios so pioram.

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    14. Oi Jeanine, não fui eu quem colocou o assunto da cesárea junto dos outros, ele apareceu quando você citou o caso da Nara, que se sentia julgada por ter optado por isso. Eu só mudei o ponto de vista porque, a meu ver, os motivos pelos quais as kiwis disparavam olhares de repreensão à Nara não são assim tão diferentes dos motivos que levam aos olhares julgadores que a Dulce cita no post dela sobre a mamadeira.
      É um erro dizer que ao optar por uma cesárea a mãe não está nem prejudicando o bebê nem tirando nenhum benefício dele, assim como é um erro dizer que não há consenso científico na polêmica parto vaginal vs cesariana - tanto há consenso que a própria OMS recomenda que as cesáreas não ultrapassem 15% do total de partos (número relativo aos casos de real necessidade da cirurgia). Estatisticamente crianças nascidas de cesariana tem mais doenças infecciosas e respiratórias. Também já foi comprovado que deixar o bebê ligado ao cordão umbilical por 3 minutos a mais depois do nascimento reduz significativamente o índice de anemia na primeira infância, coisa que não é possível ser feita no caso de uma cesárea. É mais provável que um bebê nascido por cesárea precise ser aspirado do que aquele nascido por parto vaginal (afinal aquela "jornada olímpica" pela qual o bebê passa tem também sua função!).
      Além dos cientificamente provados (como se a natureza já não fosse perfeita o suficiente pra ainda precisar de outras provas), existem ainda os benefícios psicológicos, sociais e até espirituais, acredite ou não. Posso citar aqui inúmeros, para o bebê, para a mãe, para a família como um todo, colar links, mas acho que já deu pra entender...
      O meu ponto é especialmente relacionado à cesárea eletiva - entendo a crítica das mulheres que olham torto pra quem escolhe tirar o bebê da barriga com hora marcada, antes dele demonstrar que está pronto pra sair; prematuro e no susto, sem saber o que está acontecendo. A origem desses olhares julgadores não é a necessidade de sentir as dores do parto - hoje em dia já é possível um parto vaginal sem dor - mas sim a conscientização de que o parto vaginal é melhor, tal qual a amamentação com os olhares contra a mamadeira e a gravidez saudável e os olhares contra o cigarro. É possível que elas pensem ser, como você diz, puro egoísmo e vaidade uma mãe não ser capaz de esperar a hora certa pra então ter a sua cesárea. Entendo, mas não apoio, porque apesar de não concordar com esse procedimento continuo com a opinião de que cada uma sabe o que é melhor pra si e para o seu bebê e eu não tenho como saber da história inteira de cada um.

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  3. Tenho acompanhado seu blog por indicação da Olga. Fico só lendo, mas neste post achei inevitável comentar. Meu bebê tinha 1 semana quando o pediatra prescreveu a complementação com leite artificial. Fiquei me sentindo péssima mãe, mas sempre amamentava e depois dava mamadeira, como você. Na segunda consulta (após 1 mês) ao pediatra, ele disse para eu tentar amamentar apenas. E foi assim por alguns meses. Quando eu estava para voltar a trabalhar (o bebê tinha 4 meses), stress again... e o leite diminuiu. Meu bebê mamava segundos e largava o seio chorando, nervoso. Paguei uma enfermeira particular para vir até minha casa e observar. Ela recomendou uma tal de relactação, mas mamadeira jamais! Tentei fazer a tal relactação mas não deu muito certo. Dei mamadeira como complemento mais uma vez! Voltei a trabalhar e tirava leite no período da manhã e à tarde para levar o leitinho para o berçario (ficava 20 minutos para cada "ordenha") e cada gota era preciosa. Não é que o danadinho começou a não querer mamar meu leite nem na mamadeira?! Hoje, com 10 meses, ele já come as papinhas, mama leite artificial e amamento só à noite, para acalmá-lo antes de dormir, mas estou tentando substituir tudo por mamadeira porque nasceram dois dentinhos (medo!) e porque o folgadinho só fica "chupeitando". Nesses 10 meses ouvi de tudo, Dulce. Gente que me dizia que amamentar é o que há de mais importante; gente que achava um absurdo eu estar amamentando até hoje. Não dá pra ficar dando importância a terceiros. Fico indignada com o que vc está passando porque as pessoas condenam com seus olhares sem saber a real. Nós somos as mães e sabemos melhor do que ninguém o que é bom para nossos pequeninos porque em tudo o que fizermos haverá o verdadeiro AMOR!

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    1. Karla, amiga da Olga é minha amiga tb! :)
      Adorei teu feedback, e acho que tens toda razão. Tua última frase resume tudo muito bem! Valeu! Bjinhossss

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  4. A esse propósito, lembrei de uma frase do Paramahansa Yogananda que diz algo assim: o que mais vale é o amor com que se recebe e se cria um filho. Leite materno e comida balanceada sem carinho e disciplina por si sós não geram um ser humano melhor!

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    1. Perfeito! E cada fase tem uma preocupação diferente. Eu ainda adaptaria a frase do Caetano para: "Cada uma sabe a dor e a delícia de ser MÃE!". Bjo!

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  5. Oi amiga, já estou me sentindo uma gralha, comentando em todos os posts, mas eu não me aguento! hehehe
    Tenho muuuuuita coisa pra comentar sobre esse assunto, sobre o seu texto, sobre os comentários feitos aqui... mas estou no ipad e o blogger não ta colaborando comigo, já deu pau no meu texto 3 vezes.
    Enfim... Eu não escondo de ninguém que sou super a favor da amamentação, incentivo mesmo, pq acho que é importante e muita gente não se dá conta disso e desiste com facilidade, sem tentar, sem se informar ou buscar a ajuda certa. Mas não acho, de modo algum, que deva ser feita a qualquer custo ou que deva ser uma obrigação. Cada mãe sabe o que é melhor pra si e para o seu bebê e ninguém que não esteja na pele dela tem o direito de julgar.
    A coincidência é que eu estava justamente preparando um post muito parecido com esse, só que ao contrário - do preconceito contra quem escolhe SÓ amamentar e quem escolhe fazer isso por um período mais prolongado do que o "normal". Já perdi as contas de quantas vezes nas ultimas semanas eu ouvi "até quando vc vai amamentar?" - esperando qualquer resposta diferente da que eu geralmente dou: "até quando ele quiser e até quando eu puder" - ou "vc AINDA não dá mamadeira pra ele?". Por incrível que pareça (por ser contraditório a tudo que vc escreveu aqui) eu também me sinto julgada e percebo que as pessoas tem uma dificuldade imensa de aceitar QUALQUER COISA que seja diferente daquilo que ELAS fazem ou acreditam.
    Voltando à questão do julgamento das kiwis, eu entendo que estamos passando por um momento de transição na história - saindo de uma época em que as pessoas amamentaram menos e deram mais leite industrializado sem pensar nas consequências e entrando em outra de maior conscientização; até chegarmos a um equilíbrio vamos ver esse tipo de exageros dos dois lados.

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    1. Que gralha que nada! É sempre um prazer ler teus comentários em cada post! :) Achei muito doido isso de tb te sentires julgada mas pelo motivo contrário ao meu! Que mundo é esse em que vivemos?!! Tô louca pra ler teu post, publica aí! Mas falando da tua perspectiva histórica, quais foram as consequências (em termos práticos) dessa fase de amamentar menos e dar mais leite industrializado? Eu consigo ver que estamos entrando numa fase de maior conscientização, oposta a anterior e tal, mas não por causa de consequências, mas porque a ciência evoluiu e hoje se sabe melhor dos benefícios de amamentar, da riqueza do leite materno, etc e tal. Faz sentido?

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    2. Sim! You got it. Eu é que me expressei mal.. não quis dizer que houve consequências negativas (exceto as sociais das quais estamos falando aqui! hehe), mas sim que não era tão difundida/estudada a ideia de que o leite materno e o próprio ato de amamentar são importantes na vida da criança e isso foi ignorado anteriormente.

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    3. Oi Cris, sabe que a Nara também se sente meio constrangida e muita gente acha estranho ela estar dando de mamar até agora. Eu particularmente acho lindo e vejo que ela adora. Hoje ele já come de tudo e a amamentação é mais um conforto na hora que ele está com soninho ou para acalmá-lo. E o mais legal é que o Luka está se desinteressando naturalmente e sem stress, assim como aconteceu com o Julio. Infelizmente o Felipe não teve a mesma sorte. Eu comecei a trabalhar quando ele tinha 9 meses e ele entrou na mamadeira "à marra". Ele teve até febre, tadinho. Me arrependo muito disso, muito mesmo. Hoje eu jamais repetiria isso. Coisas da imaturidade...

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  6. Oi Du, quem não é mamãe também pode comentar? ;)

    Apesar de eu não ter filhos eu adoro esses assuntos de educação e desenvolvimento infantil, me considero uma pessoa bem materna, acho que porque sempre tive muitos primos mais novos e sempre fui a prima que cuidava e defendia meus pimpolhos, então vim aqui deixar minha humilde opnião.

    Eu lembro de ter visto na tv sobre a polêmica de mães que optam por dar a mamadeira e lembro do Piri Weepu dando mamadeira à filhinha e apesar de não concordar com essas mamães que OPTAM por dar a mamadeira sem nem tentar dar o peito eu defendo o direito delas de ter a opção de escolha e acho que ninguém deve tirar isso delas. Adoro essa frase abaixo e acho que ela diz muito sobre como eu penso:

    "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las"


    Não acho que tratando uma mãe dessas mal vai mudar alguma e sou totalmente a favor do respeito, acima de tudo. As pessoas pensam diferente e eu não posso desrespeitar o próximo simplesmente por pensar diferente de mim.

    Fiquei me colocando no seu lugar pra imaginar o que eu faria e eu acho que se meu filho estivesse perdendo peso eu ficaria desesperada também, porque nós sabemos como é crucial o ganho de peso nos primeiros meses de vida não é? Eu provavelmente faria a mesma coisa, começaria a complementar com a mamadeira se o peito não estivesse sendo suficiente, ou até antes disso tentaria a relactação (a Ana usou no início).

    O que eu quero dizer é que eu não acho que você deva se sentir mal por estar complementando, afinal você não está deixando de alimentar seu filho, ele não está passando fome e você está fazendo isso para o melhor dele, pra ele continuar crescendo bem e saudável.

    Beijos

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  7. Oi, Ana, claro que pode!
    Boa a frase, é o direito à liberdade de expressão que temos, né?

    Assino embaixo do que dissesse!

    bjssss

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  8. Adiei um pouco em deixar minha resposta, esperei meus ânimos se acalmarem, rs.

    Primeiro, quero dar meu apio a vc, Dulce que optou pela saúde do seu filho, vc está de parabéns!

    Segundo, minha opinião sobre a amamentação é a mesma da Cris, Flavia e Anabel. Adorei a forma como vcs se colocaram.

    E terceiro, quero falar um pouco da minha experiência (vou tentar resumir o máximo). Quem me conhece, sabe o quanto eu lutei para ser mãe, junto com essa vontade de ser mãe, sempre quiz amamentar, não por ser uma "cobrança da sociedade", mas era algo que estava bem forte na minha cabeça e no meu coração.
    Minha filha nasceu com 3.415kg, saiu da materninade com 2.190kg, e nas primeiras semanas minha filha começou a perder peso. A midwife que me atendia recomendou que eu começasse a adicionar formula imediatamente e procurasse um médico. Assim eu fiz e a recomendação foi a mesma. Vocês não fazem ideia como aquilo me doeu! E obviamente eu tomei a decisão em alimentar a minha filha, ve-la crescer saudável, independente da minha vontade em amamenta-la. Passei 3 dias sem poder amamentar por recomendação médica, pois a força que ela faria em mamar a faria gastar energia. Em uma semana ela começou a se recuperar e ganhar o peso perdido. Depois que passou o momento de risco, continuei amamentando minha filha e complementando com formula e leite tirado, e ao mesmo tempo, buscando uma solução para deixa-la so no peito. Tomei remedio para aumentar a produção de leite, tirava leite em todas as mamadas e até mais(uma média de 9x em 24horas), para não complementar com formula ou dar o minimo possivel. Consultei a clinica de amamentação, fiz relactação. O único sucesso que obtive foi que minha filha continuasse mamando, mas sempre precisei dar formula para complementar. Até 1 mes e meio eu conseguia tirar com muito esforço 50ml, mas com o passar do tempo ela ia precisando de mais e mais 'mls" e dai já não dava conta de tirar e passei a complementar apenas com formula. Por volta de 2 meses, tentei por 15 dias mante-la só com leite materno(com assistencia da plunket, e a recomendação era, se precisar, adicionar formula) apesar dela aparentar bem, sem fome, ela só ganhou a metade do peso que normalmente ganhava, que já não era muito. Desde então eu amamento e depois dou formula pelo menos 3x ao dia. Ela recebe todos os beneficios da amamentação e também a nutrição adequada contida no leite artificial, e tanto eu como mãe e o pai dela, estamos muito felizes e satisfeitos com os resultados.
    Estou escrevendo isso, Dulce, para que vc não se sinta tão triste por está complementando com formula. Chega um momento que precisamos decidir o que é o melhor para nossos filhos e somente nós, as mães deles é que podemos decidir por eles. As mães dos outros que decidam pelos filhos delas.

    Teve uma época que me senti muito mal, e até chorei por me sentir uma mãe má, que deveria fazer mais, tentar mais, e tal...
    Depois de ler um livro, sites, foruns e comentários sobre amamentação, resolvir selar uma paz comigo mesmo. Sou muito feliz com o que "decidi" ou foi "decidido" para mim. Um beneficio disso tudo, é que o pai dela pode participar da amamentação tmb, algo que ele ama. Somos muito felizes, porque o principal, a saúde e o bem estar da minha filha está em primeiro lugar, e não há melhor paz de espírito do que esta.

    Opiniões sobre leite materno vs leite artificial exitem e estão ai para serem discutidas, ouvidas e respeitadas. Mas daí eu querer que a minha opinião seja única certa e por conta disso querer fazer que com uma mãe se sinta mal porque discorda da minha opnião e toma uma atitude contraria a minha? Peraí! Em que mundo nós estamos!

    Beijos

    Ana

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    1. Desculpem um erro meu, a minha filha nasceu com 2.415kg e nao com 3.415kg, como esta escrito no meu texto acima.

      Ana

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    2. :) Quando comecei a ler, até fiquei na dúvida sobre qual Ana era. Mas me liguei que era um errinho de digitação, claro. Valeu compartilhar, Ana!

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  9. Sem contar que a pressão por não produzir leite suficiente e saber da responsabilidade em nutrir um recém-nascido em mim só gerou um círculo vicioso: quanto menos leite eu tinha, mais nervosa ficava (porque precisava produzir mais!) e vice-versa. Tem mulher que consegue manter o equilíbrio emocional (super importante), seguir algumas recomendações e o organismo reage bem. Comigo a ansiedade e a produção de leite cresciam em proporções inversas!
    Alguns dizem que a inserção da mamadeira atrapalha a amamentação. Eu conciliei amamentação e leite artificial na mamadeira (quando necessário) até os 10 meses.
    Polêmico o tema, mas é legal ver vários pontos de vista.
    Bjos.

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  10. Bom, eu vou comentar do ponto de vista de quem está sempre por fora: o Pai! Com o Lucas, o leite demorou um pouco a descer e a mamãe obviamente se sentiu fragilizada no momento que tivemos que completar com a formula até o leite fluir com mais força.

    As pessoas esquecem como as mamães (principalmente as de primeira viagem) se sentem inseguras (mesmo as que tentam esconder). É um poço de emoções incompreensíveis, principalmente para quem está apenas observando.

    O mais importante é oferecer todo apoio que a mamãe necessita. Afinal de contas, todas as mães acham que deveriam estar fazendo um trabalho melhor. Então qual é a vantagem de fazê-las se sentirem ainda pior?

    Dulce, você conhece o Caio melhor que ninguém. E você, como mãe, não deve explicações a ninguém sobre a sua escolha em relação à amamentação. A única pessoa que pode te pedir algo é o próprio Caio, e como ele é um menino muito alegre e bonito, é sinal que ele está aprovando as suas escolhas. :)

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  11. No dia dos pais, comentário de um paizão!! Adorei! Valeu, Pablo!

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  12. Du
    Fico muito incomodada com frases como "toda mãe tem leite suficiente para seu filho", como se a mãe fosse uma máquina perfeita. Todo mundo já se conformou com os conceitos de que "errar é humano", "todo mundo tem defeitos", mas a mãe, essa tem que ser perfeita!
    Meu baby nasceu prematuro, e na semana em que completava um mês, sofri uma grande perda, que me abalou muito, e o pediatra indicou o complemento. Lógico que tive medo de que ele largasse o peito, mas achei egoísmo meu ficar insistindo em algo só pra ninguém me olhar torto. Eu queria meu filho alimentado! E ele foi no peito até 8 meses e meio!
    O bebê tem um vínculo incrível com a mãe, mas acho super bacana desenvolver isso com outras pessoas importantes também. Eu amamentava no peito, e sempre tinha alguém como o papai ou as vovós, loucos pra dar a mamadeira e curtir esse momentinho junto. E eu acho que aí entra naquela questão que você tocou também. Que amor também alimenta, e acho que o Cauã teve e tem isso de sobra.
    Sem contar que o leite materno é incontestavelmente melhor, mas as fórmulas de hoje em dia, são amplamente estudadas e são muito boas.
    Quando eu nasci, minha mãe era jovem e super humilde, não tinha instrução nenhuma. Me amamentou no peito por apenas dois meses, e depois me dava leite de pacotinho, pura falta de informação. Assim como você, tenho dentes fortes, nunca tive nenhuma doença grave, e minha imunidade sempre funcionou dentro da normalidade.
    Acho que assim como o machismo, que muitas mulheres reclamam, mas que na maior parte das vezes, parte delas mesmas, cabe a nós, mães, tentar reverter essa pressão para a amamentação e afins.
    Amar e ser amado é o que mais vai trazer saúde e felicidade ao seu Caio.

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    1. Doido isso, não? Minha sogra dava leite de vaca, digo tiradinho da vaca na hora, pro meu marido, e ele ta aí, forte e bonitão!
      Hoje não dá nem pra pensar nessa hipótese, né? :)

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  13. Nossa, post “novo”, 36 comentários quilométricos, e eu não tinha visto nada disso? Where the hell was I?
    Vou fazer coro às meninas que, tão acertadamente, preocupam-se em não deixar as demais mães mais culpadas ainda. Realmente, culpa é o que carregaremos por toda a nossa vida, seja por termos feito cesárea ou não, seja por termos amamentado pouco ou muito, seja por não termos estado ao lado do nosso filho quando ele caiu da cama, seja por não termos percebido mudança de comportamento no filho por algum motivo muito relevante, etc. Cabe a cada uma de nós lidarmos e digerirmos todos os obstáculos que enfrentaremos nessa jornada que é ser mãe. Ou então, como diria a sogra de uma prima minha, que tem 6 filhos, “eles que façam terapia, não posso me culpar por tudo de errado que eu fiz na criação deles”.
    Já que muitas deixaram seus depoimentos, também vou contar um pouquinho do que se passou comigo. Primeiro, em relação ao parto. Sempre quis tentar o normal, mas chegando perto da data do nascimento, vi que a probabilidade de o Augusto nascer justamente na semana mais complicada de trabalho do meu marido era muito grande. Isso significaria saber que quando o Augusto nascesse, meu marido estaria comigo no parto, ficaria umas duas horinhas, e em seguida teria que voltar ao evento ao qual estaria participando. Mas tão importante quanto este evento da empresa, também era o nascimento do nosso filho. Então, a contragosto marquei a cesárea para um domingo, no dia que eu completava 40 semanas de gestação, para que desse tempo de meu marido ficar comigo e com o nosso filho por uns dias, e depois participar do evento. Quis o destino que na madrugada daquele domingo o Augusto tb decidiu nascer, e quando cheguei na maternidade para a minha cesárea, já estava em trabalho de parto. Tentamos por algumas horas o parto normal, mas após algumas horas sem dilatação, acabou sendo cesárea mesmo. Acho que agradeço à minha médica por ter tomado as rédeas da situação e decidido pela cesárea, pois o Augusto nasceu com 3,915kg, e estava com a cabecinha torta (motivo pelo qual não dilatou mais). Se tivesse ido para o normal, muito provavelmente teria precisado de fórceps. Não estou aqui condenando nem defendendo um ou outro método de parto, só estou querendo dizer que nem sempre as coisas acontecem como desejamos, e os filhos são peritos em esculhambar com todo e qualquer planejamento que façamos. Pra mim foi muito tranquilo aceitar o que viesse, desde que meu filho viesse ao mundo com saúde. (continua)

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  14. Agora sobre a amamentação. Como já disse, o Augusto nasceu com 3,915kg. Ao sair da maternidade estava com 3,625kg. Normal. Desde o primeiro dia eu já tinha colostro, e quando cheguei em casa já estava com leite. Acontece que logo nos primeiros dias eu comecei a ter muita dor no seio. Toda vez que era hora de o Augusto mamar, eu me retraía inteira e quase chorava antecipando a dor que sentiria. Após uns 10 dias, continuava tendo dores imensas. Cheguei a falar, algumas vezes, que o Augusto tinha uma boquinha assassina. Olha só que pecado!!!! E ele não estava ganhando muito peso. Lembro até de ter recebido visita de uma amiga, mãe de dois filhos, que falou que por eles serem muito pequenos, ela dava o seio, seio, seio, toda hora. E eu não podia nem imaginar dar o meu seio toda hora, só pensando na dor. Pra resumir, uma hora eu estava com o bico em carne viva no seio esquerdo, outra hora no seio direito. Qualquer coisa que encostasse no meu seio, até água do chuveiro, me dava a sensação de faca sendo enfiada na carne. Fiz DE TUDO para resolver esse problema. Tudo, mas absolutamente TUDO o que me dissessem para fazer, eu fazia. Tomava banho de sol no seio de manhã no quarto do Augusto, onde pegava sol, e à tarde ia na casa da minha vizinha, onde batia sol no escritório dela. Passei todos os cremes que me recomendaram. Fiz banho de luz infra-vermelha que uma amiga me emprestou. Tirava leite do seio, através de ordenha manual, e dava de copinho pro Augusto, pra dar tempo de meu seio ir cicatrizando. Secava o seio com secador de cabelo. Sei lá, foram tantas as coisas que tentei, que já nem me lembro. Até simpatia eu fiz. Uma loucura. Ah! E claro que fui no hospital Carmela Dutra, aqui em Floripa, especializado em banco de leite, para me orientarem sobre a correta posição, pega, etc. Fui levando durante um mês e pouco, até que culminou numa mastite no seio esquerdo. Cheguei a fazer um abcesso no seio esquerdo, perto da aréola. Diante disso tive que começar dando complemento após a mamada no seio direito, já que o esquerdo estava “destruído”. Essa foi a época mais dolorosa, pois além de estar sofrendo com a dor física que a mastite me causou, sofri muito com a frustração de já ter que começar com complemento. Durante 5 meses dava o meu seio, e depois complementava com o leite industrializado. Graças a Deus o Augusto sempre foi bom de garfo, e topava tudo o que passasse na frente da boquinha dele. Durante esse tempo, vi mais vantagens do que desvantagens em dar seio e complemento. O seio, por motivos óbvios, por proporcionar esse vínculo tão forte entre mãe e filho, por poder sentir o calor do corpo dele junto ao meu, seus olhinhos me olhando, suas mãozinhas me beliscando, etc. Mas as vantagens de dar o complemento tb foram muitas. As duas principais talvez sejam o fato de a mamada noturna se tornar mais eficiente, ele passar a dormir muito mais, e consequentemente eu tb poder descansar mais, e o fato de eu me tornar mais ágil para sair, pois enquanto alguém dava a mamadeira para ele, eu já ia arrumando a bolsa e as coisas. Além, é claro, de o fato de o pai, tão coadjuvante nessa história toda, poder assumir um papel mais relevante e passar a ajudar na amamentação. Parei de amamentar aos 5 meses e 1 semana, quando vi que já quase não tinha mais leite, e o Augusto chegava a suar de tanto esforço pra retirar um pouco de leite. Foi um processo natural e tranquilo, sem traumas. Assim como algumas mamães acima, que não puderam amamentar por muito tempo, fica aqui a minha história. Se agi certo ou errado não cabe a ninguém julgar. Fiz o que achei correto naquele momento, e por força das circunstâncias.
    Nossa, me empolguei! Dudu, adorei a discussão que teu post causou!
    Saudades.. Bjs

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    1. Da-lhe, Lulu! Não lembrava da história do teu parto! Adorei que registrasse aqui a tua experiência também! bjsssss

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