domingo, 25 de março de 2012

O IMPACTO


Ontem a Traysi veio aqui em casa e nós conversamos sobre o impacto que é ter o primeiro filho.

Apesar de eu achar que ainda tenho momentos em que estou sob os efeitos desse impacto, já dá pra falar – escrever – sobre isso.

As duas primeiras semanas de vida do Caio não foram fáceis pra mim. Pra começar, a reviravolta hormonal me abatia todo o fim de tarde. Me dava um “blues”, uma vontade de chorar, às vezes uma tristeza – dá pra acreditar? –, parecia que nada fazia sentido, nem o presente, nem o futuro... me dava medo do porvir, medo da minha mãe ir embora, medo de tudo enfim... tudo ao mesmo tempo agora. Essa foi sem dúvida a pior parte dessas duas semanas, pois os desafios tomavam um dimensão ainda maior do que tinham em realidade. Quando Caio completou duas semanas de vida, isso passou, thank God.

Outra coisa que eu acho que é mais difícil para as “control freaks”, como eu me considero, é o fato de repentinamente não teres mais controle sobre a tua vida. Tua rotina muda de uma hora pra outra e, como disse a Traysi, há um choque! Por mais que as amigas te falem da mudança de vida, etc., só quando passas por isso é que entendes o impacto que um filho causa. E mesmo eu, tão maternal, tão louca por criança a vida toda, tão certa desde pequena que queria ter filhos, fui bombardeada por esse acontecimento que eu conscientemente escolhi pra minha vida.

Para agravar, pra mim é extremamente desafiante não ter certeza das coisas. Tudo começa com: será que é fome?, será que é cólica?, será que ele precisa arrotar? E termina com: hummm, acho que era fome mesmo, acho que foi uma colicazinha, acho que era a fralda suja causando o desconforto, acho que ele só queria mudar de ambiente. Só no “acho”, nunca no “tenho certeza”. Esse “jogo de adivinhação” é (era) quase uma tortura pra mim (aos poucos tô tendo que me acostumar com uma vida sem certezas, ao menos enquanto Caio ainda não sabe me dizer qual é o problema).

Tudo isso, pois, foi parte do meu choque. A parte prática em si foi tranquila – não tive problema ou insegurança pra trocar fralda, vestir, dar banho ou mesmo dar de mamar (apenas um dia senti dor). Parecia que tinha feito essas coisas a minha vida toda (teria sido o “treinamento”com meu afilhado?). Mas emocionalmente fui pega de surpresa. Eis abaixo algumas coisas que se passavam pela minha cabeça nesse primeiro mês:

- quando sabia de alguém que tinha engravidado ou que tinha tido filho: “ai, coitada, vai passar por essas terríveis primeiras semanas...”

- “eu entendo quem escolhe não ter filhos, não passar por essa mudança de vida chocante”

- “admiro quem tem gêmeos – imagina o trampo que não é?”

- “admiro quem tem a coragem de ter mais de dois filhos. O máximo que eu consigo é passar por isso duas vezes”

-“todo mundo diz que ter filhos é a melhor coisa do mundo. Ainda não senti isso, só sei do trampo e do impacto que é”

Pouco a pouco (outro desafio pra quem é impaciente como eu – só no “pouco a pouco”) as coisas estão melhorando, claro. Já começo a entender meu filhinho, apesar de que desconfio das certezas. Ele já sorri pra mim, e a partir daí comecei a sentir mais prazer em toda essa nova situação. Não que eu já não amasse Caio – sinto amor por ele em mim desde a gravidez, e tudo o que eu quero sempre é que ele esteja bem! Mas o prazer e a paixão por esse bebê muito fofo têm se desenvolvido no dia a dia. Hoje penso nos filhos das minhas primas e amigas. Quando eu estava com eles e chegava a hora de dar tchau, eu sempre pensava que não tinha gastado ainda toda a minha vontade de estar com ele/a. Agora, tenho o meu bebezinho! Não preciso dar tchau pra ele! E isso já me deixa feliz!

Posfácio

Comecei a escrever este post no sábado e terminei no domingo. Nesse meio tempo, me separei do Caio pela primeira vez. Dei uma aula de dança do ventre numa despedida de solteira. Fiquei ao todo 2h25min longe de casa. Decarlos ficou com o Caio.

Quando eu caminhava do carro até o estúdio de dança, me senti diferente. Já não era mais a mesma Dulce que fez esse caminho tantas vezes. Eu já não era mais aquele “indivíduo individual”, livre, que pode fazer o que quiser quando quiser. Alguém dependente de mim me fazia menos independente – não é curioso? Agora eu sou mãe. Foi um sentimento estranho durante aquela caminhada.

Duas horas depois, eu voltava pro carro pelo mesmo caminho. A aula de dança me fez muuuuuito bem. Incrível como a maternidade faz algumas coisas perderem o sentido, outras ganharem, e outras ainda mudarem de sentido. Ter feito uma atividade totalmente minha me deu o “feeling” de que nem tudo estava perdido, de que parte da “velha Dulce” ainda ia se manter, de que eu ainda conseguiria ser eu mesma – the same old me – em algumas situações. Isso foi tão importante pra mim que cheguei a ter lágrimas nos olhos.

Ahhhh, esse turbilhão de emoções...!

quarta-feira, 14 de março de 2012

O dilema do ovo e da galinha

Caio não nasceu pequeno. Pesou, na maternidade, 3,790 kg.

Na checagem da primeira semana, quando a maioria dos bebês perde peso – podem perder até 10% – Caio, que poderia ter diminuído até 380 gr, tinha apenas 50 gramas a menos!

Passada mais uma semana, chegou a 4 kg certinho, ou seja, tinha aumentado 260 gramas, o que, segundo li, já é mais que a média (30 g por dia = 210 por semana).

Na semana seguinte, manteve o seu padrão: mais 260 gramas, num total de 4,260 kg.

E na pesagem desta semana, quando eu de fato já tinha sentido nos braços, especialmente na madrugada quando tiro Caio do moisés sem me levantar da cama, apenas com a força dos braços (aliás, falta pouco pra eu ter que me levantar), que ele continuava – ainda bem – ganhando peso, eis o resultado: 4,640 kg!! Ele engordou 380 gramas em sete dias!

Ah, faltou dizer que ele já cresceu ao menos 4,5 cm!

Não é à toa que ele mama bem. Na madrugada, mantém a média de intervalos de sono de 3 horas e meia a 4 horas entre as mamadas. Mas durante o dia este intervalo pode ser de 2 horas, chegando à noitinha às vezes a apenas 1 hora (segundo a midwife, ele está se preparando para um boa noite de sono com intervalos maiores).

Diante desse quadro, eu me pergunto: Caio está crescendo bastante porque mama muito ou mama muito porque está crescendo bastante? J

quarta-feira, 7 de março de 2012

A DANÇA DAS 7 NOITES

Noite 1 – No hospital

Antes de dormir, Caio aprendeu a sugar nos dois peitos e troquei a primeira fralda. Estávamos ambos tão cansados que a noite passou relativamente tranquila. Caio dormiu direto por 3 horas, ao meu lado, num moisés transparente. Eu me acordava a cada sobressalto dele (que hoje sei ser normal em recém-nascidos), isto é, a cada poucos minutos eu abria meus olhos e me certificava de que estava tudo bem. Nesta noite, pois, dançamos um reggae!

Noite 2

Primeira noite em casa. A pior de todas até hoje. Estávamos todos cansados. Desde o momento em que tivemos alta, esperamos mais de 4 horas pela pediatra, que tinha de fazer uma última checagem no Caio e que estava antes lidando com casos de cesariana, mais urgentes. Acabamos chegando em casa perto das 11h. Sem tempo de nós mesmos nos habituarmos à nova situação, entre mamadas teve muito choro e diversos questionamentos da nossa parte: será que é fome? será que são gases? será que tenho colostro? seria frio? calor? Quando finalmente ele dormia um pouquinho, eu não tinha coragem de apagar a luz do abajur, e acabava não relaxando. A dança da noite: punk rock.

Noite 3

Melhor que ontem, pior que amanhã. Menos choro, mas Caio estava ligadaço. Acordava facilmente – muita luz? – e só dormia de novo se o embalássemos. Ainda assim, no total dormi 4 horas, que, comparado a ontem, me deixaram feliz. A dança da noite foi house music – não foi tão pesada, mas estava tocando constantemente.

Noite 4

Compramos uma luzinha bem fraquinha, que tem um sensor (só acende quando não há claridade nenhuma). Tudo mudou! Quando Caio acordava, voltava a dormir imediatamente. Despertou para mamar apenas e teve períodos de sono de 3 horas, 3 horas e pouco. Espetacular! Assim, esta noite fomos mesmo embalados por canções de ninar!

Noite 5

Caio estava insaciável das 9 h da noite à 1h30 da madrugada. Depois, no entanto, dormiu longos períodos de no mínimo 3 horas entre as mamadas. A noite começou, então, com Carmina Burana, mas terminou com a leveza de Vivaldi!

Noite 6

Ahhh, se todas fossem iguais a você...! Ótima noite! Dormindo desde as 9h30, acordando para mamar e voltando a dormir. Posso pedir para ser sempre assim? Dormimos ao som da calma contagiante do Adágio de Albinoni!

Noite 7

De novo, Caio estava inquieto das 6h30 às 10h30 da noite. Depois, ótima noite, com os usuais longos períodos de sono. Queria poder dormir sempre assim: embalada pela suave melodia da respiração do Caio quando dorme profundamente. Não há música melhor!