quinta-feira, 10 de julho de 2014

O segundo impacto

Que o primeiro filho é um impacto na vida dos pais, com isso (quase) todo mundo concorda. Eu escrevi sobre este impacto aqui.

Tende-se a pensar que o segundo filho não traz impacto nenhum. Afinal, sua vida já foi totalmente transformada com a chegada do primeiro.  Ledo engano! Há um choque, sim! Ele pode ser menor, diferente em alguns aspectos (iguais em outros), mas que há um impacto, há!

É verdade que nós pais lidamos com o bebê de forma mais tranquila, sem aquela ansiedade constante da primeira vez. É muuuito mais fácil deixar o bebê dormindo no quarto e ir pra sala, por exemplo. A gente sabe que ele vai ficar bem, que nada vai acontecer. A gente sabe que se ele tiver que chorar um pouquinho enquanto por qualquer razão não podemos atendê-lo, tudo bem também. A gente sabe sobretudo que é capaz de criar um ser humano, pois estamos sendo bem-sucedidos na missão com o primeiro filho.

Mas o desafio de passar pelo primeiro mês ainda existe. Nossa reviravolta hormonal das primeiras semanas ainda existe, portanto nossa hipersensibilidade está presente. Nossa visão das coisas que hiperdimensiona os acontecimentos está aí pra nos “liberar” angústias, preocupações, um certo “medo” do futuro, e todo o turbilhão de emoções típico dessa fase. Ao menos comigo foi assim.

O maior desafio esta vez foi/está sendo conciliar a rotina do filho mais velho com as necessidades do recém-chegado. Já não rola passar umas semanas na casa da mãe. Da maternidade vim direto pra minha casa.

Ainda em relação ao primogênito, o meu tem 2 anos e 4 meses hoje, ou seja, está no auge dos famosos “terrible twos”. E se ele ainda não tinha entrado na fase terrível, foi só trazer a Dora pra casa que o menino pirou, gente! Tudo passou a ser difícil com ele, que dava o contra pra qualquer coisa – pra vir jantar, tomar banho, trocar fralda, enfim, qualquer coisa que fosse pedida a ele. Isso sem falar nos berros, nas jogadas no chão, no choro falso mas alto imitando o da irmã... Caio nunca levou tanta bronca na vida, justo quando ele mais precisava de carinho... Aí junte a isso a sensibilidade materna e teremos como resultado muitas lágrimas! J Só pra constar, hoje, seis semanas depois, Caio está bem mais fácil de lidar – acho que ele entendeu que ainda tem seu espaço.

Outra consequência do impacto pra mim foi que eu não podia pensar no futuro – me dava muita aflição, pois eu não conseguia vislumbrar como eu ia dar conta de cuidar dos pequenos, da casa, cozinhar e ainda trabalhar (ainda que sejam umas poucas horas diárias), sem falar em cuidar de mim e do relacionamento com o maridão, né? Leve-se em conta que durante todas essas semanas minha mãe me ajudou muuuuuito, especialmente com comida. Ainda não tive que cozinhar uma refeição completa, por exemplo.

Além disso, me dava uma preguiça pensar em passar por todas as fases de novo. Eu só pensava em como eu gostaria de estar dois anos na frente, quando Dora já soubesse falar, dizer o que quer!

Ao falar do primeiro impacto eu comentei alguns pensamentos, digamos, “obscuros” que se passavam pela minha cabeça. Desta vez eu pensava o seguinte:

- entendo totalmente quem quer ter apenas um filho, quem escolhe não ter um segundo; é muito trampo passar por tudo isso de novo!

- o que eu fiz? Estava tão bem com um filho, a vida toda organizadinha, e agora ferrou tudo!

- me dava pena de quem estivesse grávida do segundo filho, ou do terceiro: coitada, vai ter que passar por tudo o que eu estou passando!

Enfim, os hormônios já estão mais equilibrados, Caio está melhor, Dora um pouquinho mais previsível, e assim eu já consigo olhar pro futuro e ver que eu vou dar conta, como de fato já estou dando. E após os primeiros sorrisos da minha filhinha, aos poucos o impacto vai perdendo espaço para o prazer. E eu sei que logo esse prazer é o que predominará...

Taí uma vantagem do segundo filho – não foram as pessoas que te disseram que “vai passar”, você SABE que passa... E isso conforta.

3 comentários:

  1. Dudu, imagino o impacto! Mas deve ser também como disse uma amiga minha: a gente curte mais cada fase, porque sabe que ela vai passar rápido!
    ;)
    Quero ver o sorriso da Dora!
    Beijinhos da dindinha

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    1. Tem isso mesmo! Eu só não acredito naquela do videogame - de que a cada fase fica mais difícil! Eu não acho! :)
      Estamos treinando bastante pra rir muito no sábado!
      Bjsssssss

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  2. Estava relendo e vi que não fui justa com o Caio! Faltou dizer que com a Dora ele SEMPRE foi carinhoso; era só com a gente que ele pirava!

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